domingo, 6 de janeiro de 2008

O Direito à Preguiça

"O Direito à Preguiça" é um desses livros que faz a tarde de domingo passar deliciosamente. Publicado no Brasil pela Editora Claridade em 2003, o texto de Paul Lafargue (16 de junho de 1842 – 26 de novembro de 1911) é uma verdadeira "pedra na vidraça". Ele a mulher, num pacto, cometeram suícidio não dando vez as armadilhas da velhice.
Lafargue, ao tecer criticas à religião capitalista, com base nas experiências do final do século XIX, argumenta que o trabalhador é, em suma, um traidor. A leitura de "O Direito à Preguiça", nesses dias em que o capital financeiro faz o que quer onde bem aprouver, com tirania, dá o que pensar. Além do mais, como as relações do mundo do trabalho continuam, preponderantemente, desequilibradas e frágeis, o texto é contundente. Hoje em dia, apenas as circunstâcias são distintas.
O autor aponta que o processo de escravidão a que se submetia o trabalhador derivava de uma série de fatores e em especial a alguns "pregadores" da moral capitalista: economistas, padres e outros moralistas. Hoje existem os comentaristas econômicos - uma classe ideologicamente engajada no pensamento das Federações das Indústrias ou nas declarações da velha UDN. Tais comentaristas, sistematicamente, me provocam gargalhadas. Usam argumentos originados em Mitologias e, convenhamos, falam e escrevem para um público bem específico.
Richard Sennet, em a "Corrosão do Caráter" e "A Cultura do Novo Capitalismo" corrobora, em determinados pontos, com os diagnósticos de Lafargue realizados no século XIX. As jornadas de 12 a 15 horas citadas também são verificadas nos dias atuais. A diferença ocorre com as tecnologias disponíveis para maior produtividade. Lembro que, em viagem recente pelo Nordeste, enquanto rumava para o Hotel a guia da empresa responsável pelo traslado recebeu uma ligação no celular. Depois de atender, nos fez a seguinte indagação: "como é que a gente fazia antes do celular"? Nenhuma resposta, porém...
Como não pretendo fazer uma resenha do livro (93 páginas, edição bilíngue), deixo-o como sugestão de leitura. Talvez volte a tratar do tema um dia desses!

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