domingo, 30 de dezembro de 2007

Dias de cão na Ilha

A Ilha de Santa Catarina tem se notabilizado no país por seus atrativos. Em função disso tem recebido anualmente mais e mais turistas e moradores. Vendeu-se (ainda é possível ouvir lorotas do genêro) de Florianópolis ser uma maravilha e possuidora de elevado grau de Qualidade de Vida. Até hoje esse conceito de QVT é mal-explicado. Mas seja lá o que isso quer que signifique, a verdade é que a situação observada no trânsito nesse final de 2007, aponta para outra condição. Sem falar, é obvio, da precariedade dos serviços ofertados tanto na esfere pública quanto na privada (sem ofensas!).
Nesse domingo, 30 de dezembro, o caos foi total. Engarrafamentos monstros em todas as direções que levam às praias. Até para realizar atividades cotidianas foi um martírio. Fazer o que? O significado de tudo isso é um só: incompetência de uns e sandice de outros. Soma-se a tudo um fator letal: ganância! Hoteleiros e outros agentes estão com a boca nas orelhas. É muito dinheiro chegando com os otários, digo, turistas.
Para os moradores só há um caminho: ficar em casa e torcer para que o Janeiro chegue com o pé no acelerador. Rezem, os crentes!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Temperatura boa para...


A foto que ilustra a postagem foi obtida na Praia do Francês (Marechal Deodoro - AL), mas poderia ser aqui na Ilha... Poderia, pois condiciono a relização da experiência de praia sossegada somente depois do Carnaval. Nesse final de ano e para o mês de Janeiro, o negócio é deixar que outros façam uso de tudo.

Quando me refiro aos "outros" é claro que estou tratando de "turistas" e de saqueadores de plantão. Não vejo problema algum com o turismo, é claro. As atividades econômicas associadas "livra a cara" de um montão de pessoas. Quanto aos saqueadores, tenho preocupações. Alguns saqueadores, inclusive, aproveitam a ocasião para dar uma bela "beliscada" nos turistas. Uns estão radicados aqui mesmo. Outros para cá se encaminham e aproveitam a ocasião para seus ataques. Aliás, vida de turista em determinados locais não é nada fácil.

Aqui na Ilha, vejo como algo positivo, os turistas andando pelas ruas sem receber determinado tipo de "atenção". As vezes é desatenção pura - bem ruim. Caminham e não correm riscos de surpresas diferentes daquelas que os moradores estão sujeitos. Noutros lugares que conheço, aqui no Brasil, a identificação do "turista" é bem mais fácil. Nem precisa "vestir-se" como tal. O tipo físico já proporciona indicativos. As vezes isso é um complicador, noutras situações, uma peculiaridade que abre portas.

Para quem reside na Ilha, bom mesmo é preparar o folego para a temporada de verdade, pós- carnaval. A paz voltará (!) devagarinho... Será possível retornar ao restaurante predileto sem o suplício de filas, tomar aquele café sem atropelos. Enfim...

Cá entre nós: como será a vida numa cidade que recebe turistas o ano inteiro. Lembro que Veneza fez campanha publicitária pedindo para não ser visitada. A idéia era receber menos visitantes pois a estrutura não comporta multidões. As fotos da campanha eram assinadas pelo fotógrafo Oliviero Toscani.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Para dar um "stop"

Sade absolutamente ...http://www.youtube.com/watch?v=9aBAMnIUi8Y

Essa rotina me deixa cansado...


É isso mesmo: "todo ano ela faz tudo sempre igual"... Parece aquela música deliciosa do Chico. Todavia, a rotina de final de ano é insuportável. Aqui na Ilha as coisas tendem ao absurdo. O estresse das ruas se mistura com outras inconveniências. A invasão de turistas gera apreensão pelas consequências que a Cidade já experimentou. Casos de violência, acidentes, espertezas de nativos e outros estabelecidos... parece que não existe um final feliz.

O que fazer? Não vejo solução alguma. Já ouvi a famosa: os incomodados que se retirem. Lei da Selva!!!

Procuro tomar o caminho inverso, quando possível, das hordas e da confusão que geram. O centro, tivesse a Cidade uma administração decente, poderia ser um bom refúgio, especialmente durante o dia. A mentalidade de "olhar" somente para as praias - bastante saqueadas - inviabiliza a "exploração" de outros deleites. Ontem, por exemplo, procurei um lugar para tomar um café na região central. Nem sinal de vida. Quem não se enquadra nesse esquema comercial da época, está literalmente excluído de tudo. Inclusive de alguns serviços elementares.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Jazz na Ilha


Para deleite de quem aprecia música "de primeira" (o sentido pode ser tomado como provocador e preconceituoso - tudo bem!) é bom lembrar que em Florianópolis há o que ouvir. Não se trata de buscar coisas nos parcos acervos das lojas de disco. Mesmo porque, tirando a Hot do BeiraMar e a Sintonia da Lagoa, onde pode-se trocar idéias sobre Jazz e outros genêros, só mesmo bancando o Sherlock.

No último dia 15, entretanto, uma apresentação do Quarteto Nota Jazz, mostrou que a Ilha pode oferecer boas surpresas nesses tempos estranhos. Manhã de sábado, sol de levar todos para uma farofa nas praias, eis que, nós mortais que sentamos religiosamente para aquele café no Bob´s da Trajano, ganhamos um presente antecipado. Eu pensei: ué, faltam 10 dias para o 25!!!

Quatro caras corajosos, com aquela temperatura beirando os 30 Celsius, 11 horas da manhã, despacharam lá de cima do Cruz e Sousa, um repertório supimpa. Tocaram coisas absolutamente deliciosas e com esmero durante uns 40 minutos para ouvidos poucos (uma lástima). Alguns que passavam na região, surpresos, procuraram a melhor sombra e ... ficaram com aquela cara de...satisfação pura.

O show não foi aquela maravilha para os presentes por alguns motivos - nada em relação a performance da rapaziada. Há naquela área umas Lojas, especialmente Ponto Frio, Casas Bahia e Magazine Luiza, que teimam em sabotar o prazer dos ouvintes dos espetáculos no Palácio, além do trabalho dos músicos. Aliás, infernizam diariamente a vida de todos que sentam para conversar nas mesas da do Bob´s . Com o volume elevado de aparelhos de som é Ivete, Chiclete, Asa sei lá do quê, Armandinho, Zeca Pagodinho e por aí segue... Não existe compaixão; tortura é a especialidade!
Não adianta solicitar, espernear, reclamar, clamar por compreensão. Nada funciona. A reação dos caras é puro deboche. Alguns ainda usam os microfones para anúncios dos produtos existentes. Como a concorrência entre as Lojas é acirrada, quem berrar mais alto... Fiscalização da prefeitura? Sábado? Durante a semana não aparece ninguém, logo... Caso para o Ministério Público. Caso de polícia!!!
Quanto ao Quarteto, que é o que interessa, fico imaginado aquele repertório, naquele mesmo local, finalzinho de tarde... Vai parar o trânsito dos apressadinhos e a fábrica de desculpas para chegar tarde em casa ganhará um aditivo: "Nem te conto, perdi o bonde porque parei para escutar Jazz na rua. Uns caras excelentes. Tocam de tudo. Até música de Hermeto. Ouvi comentários que esse é bruxo. As músicas que eles tocam possui alguma magia. Talvez combine com a Ilha. Talvez eu chegue tarde outro dia!!!".

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

domingo, 16 de dezembro de 2007

Before It Disappears ...

O título da postagem refere-se a uma matéria no The New York Times, na edição deste domingo. Pode ser lida em http://www.nytimes.com/2007/12/16/fashion/16disappear.html?ref=fashion. O tema da matéria é que os viajantes (ou serão os turistas?) estão se dirigindo para lugares que correm o risco de desaparecer ou já deram sinais de esgotamento, como é o caso do Kilimanjaro. Os destinos são os mais diversos: África, Amazônia, o Ártico, enfim ... lugares antes considerados apenas como destinos exóticos ou "românticos".
No meu entendimento o globo terrestre está sendo inserido no conceito de "liquidez" proposto por Zygmunt Bauman. A fluidez que marca as relações entre pessoas também alcança o processo de interação das pessoas com o ambiente físico. Nada é tão firme ou definitivo. Ao mesmo tempo em que vive-se da destruição dos recursos naturais, outros insistem em tornar lugares distantes em atração ou sei lá o quê. Não são situações vivenciadas por grupos ambientalistas, mas por pessoas que estão sendo tomadas por outros sentimentos.
Obviamente que a matéria do NYTimes não traz uma abordagem "sociólogica" das questões subjacentes às "aventuras". Pelo contrário, há, de certa forma, um toque de ironia. Cita como exemplo o caso Goa ter hotel 5 estrelas para receber os viajantes "preocupados" com o planeta. Não deixa de ser curioso o "pano de fundo": "aventurar-se" pelo mundo começa a ter conotações outras e o conforto está na "rota" dos viajantes. Nada comparado as experiência de Ernest Shackelton, Roald Amundsen, Robert Scott e outros exploradores de verdade.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Sexta 14, véspera de 100!

Está chegando o dia do país comemorar os 100 anos de Oscar Niemeyer. Falo em país, mas poderia ir além. Entretanto não combinaria com a modéstia do Arquiteto e, tampouco, com suas idéias. Raras são as pessoas que conseguem viver tanto, manter-se fiel a si e a condição humana. No site http://www.niemeyer.org.br/0scarNiemeyer/home.html além de outras coisas interessantes relativas a vida dele, estão expressas idéias. Tomei emprestado de lá o seguinte:

"Sempre acrescentei nas minhas palestras que não dava à arquitetura maior importância e não havia nada de desprezível nessas palavras. Comparava-a a outras coisas ligadas à vida e ao homem, referia-me à luta política, à colaboração que todos nós devemos à sociedade, aos nossos irmãos mais desfavoráveis. O que se compara à luta por um mundo melhor, sem classes, todos iguais ?

Espero que nesse momento sejam feitas homenagens a altura do que ele representa - contrariando um pouco o caráter do "artista". Aqui, apenas um registro singelo.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Correndo contra o tempo...


Uma correria para dar contas de prazos diversos e mais uma indisposição para postar: o resultado é nada escrever neste espaço. Entretanto... deixo em destaque a imagem de uma esquina de Amsterdam (Herengrath). Serve para observar e "meditar" quando for possível.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Gracia Marquez, para pensar...

A frase do dia, obtida numa matéria sobre o grande escritor colombiano, colhida no site da BBC (http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/7024384.stm), dá o que pensar:
- "Macondo is not a place but a state of mind "(Gabriel Garcia Marquez).

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Casa nova (Casanova, não...)

Depois que mudei de endereço e passei a morar num lugar bem mais tranquilo, distante dos ruídos de automóveis especialmente, algumas coisas curiosas estão acontecendo. E eu estou desfrutando de sensações "novas". Uma delas é que posso escutar música com volume menor e, ainda assim, perceber nunces que nunca senti. Voltei a escutar mais Jazz e os instrumentos "saltaram" para a minha sala. Antes estavam aprisionados no aparelho, penso. Não iam além das caixas de som. Outros sons vindos da rua me incomodavam e eu ficava privado das delícias de um Chet Baker ou da voz inconfundível de Billie Holiday. Hoje a tardinha, porém, interrompi a audição e os trabalhos que fazia no computador para apreciar outro tipo de música. Sentei na minha sacada e ouvi uma sinfonia de cigarras e pássaros que resolveram estacionar nas árvores vizinhas. Fazia tempo que eu não "tinha" uma cigarra "berrando" tão pertinho. Pensei: tomara que as árvores permaneçam de pé. Nada garante que uma dessas construtoras existentes na região não possua um "projeto" ecológico para a área.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Domingo é bom para...


Domingo de primavera é bom para tantas coisas. Aqui na Ilha, dá para acordar bem cedinho e escapar das consequências do trânsito para as praias naqueles horários tradicionais. Aliás há confusão em todas as direções da "Capital com Melhor Qualidade de Vida do Brasil" (CMQVB). Peça de publicidade mais que enganosa, convenhamos.


Uma bela caminhada a beira mar, um mergulho nas águas ainda frias (coisa boa para afastar ressaca!). Depois, apontar a proa para um restaurante para degustar um peixinho com uma cerveja... e voltar para casa observando as filas se formando na direção contrária. Show!!!!


Tarde de domingo na sacadinha, curtindo uns jornais, revistas ou um bom livro, é de arrasar. Ficar jogando conversa fora e esperar para ver o sol se por... é covardia. Lembrar que Segunda-Feira não preciso acordar cedo para ir trabalhar: privilégio daqueles!!!
Detalhe: a foto do amanhecer destaca a igreja São João Batista, bairro Agronômica (Florianópolis).

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Algumas coisas que marcam

Quando saímos do "conforto" das nossas cavernas, e botamos os pés nas ruas de outros lugares, sempre fica aquela expectativa: o que nos aguarda? Horas e horas a bordo de um "confortável" Boeing 777 só ajudam a pensar nas situações que se avizinham. Especialmente quando nosso destino só nos é familiar pelas fotos, a situação é mais que desafiadora: língua, costumes e todas as referências que dispomos no nosso GPS não serve muito. As coordenadas do nosso lugar sabemos de olhos fechados quando nele estamos.
Em todas as ocasiões em que estive longe da Ilha, a apreensão inicial - que começou ali no Hercílio Luz - foi dissipada quase que de imediato quando cheguei naqueles lugares. Cada um deles deixou marcas que, de certo modo, me trazem boas lembranças e vontade imensa de retornar. Algumas cidades, de tanto "explorar", ficaram familiares. Lembro com especial carinho de Ljubljana e Piran, na Eslovênia. Tenho que retornar e desfrutar novamente daqueles cafés próximos ao Rio Ljubljanica, a tardinha...ou caminhar a qualquer hora pelas ruelas da doce Piran, tendo o Adriático ao largo.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Arte nas ruas?


Apenas para contemplar...

Ainda os tempos novos...

Tratei anteriormente de uma das "paixões" (a fotografia), especialmente das experiências recentes. O mesmo vem ocorrendo com a música. Também guardo umas relíquias: aqueles discões de vinil. Uma coleção razoável de Jazz - Duke Ellington, Chet Baker, Baden Powel, Egberto Gismonti, e outras coisas com selos da ECM, Blue Note, Verve, ... Já tive mais apetite com os CD e, confesso, acumulei mais um tanto de coisas que aprecio. Jazz e músicas de outros cantos do mundo. Minha predileção pela música Africana é flagrante. Tem gente boa de montão no centro e no norte. Vozes belíssimas e instrumentistas de primeira linha. Os percussionistas, insuperáveis. O próprio Bono Vox (U2) assinala que, na música, todo mundo deve aos músicos africanos pelas batidas.
Ocorre que as novas mídias estão se encarregando de sepultar os simpáticos disquinhos. Também aderi ao MP3, mas por uma simples razão: a facilidade de organizar uma boa seleção (com os meus critérios e para meu deleite, obviamente) e transportar para qualquer lugar. Um aparelhinho de 2Giga de memória permite horas e horas de audição. Supimpa! Fora desse campo, nada como espalhar parte da coleção na mesa e deixar rolar um por um, usando um equipamento que permita tomar conta do espaço, em amplo sentido: chão, paredes, corpo, copo, etc..
Na minha família a música sempre esteve presente. Quem não cantou em Coral de Igreja, aprendeu a brincar com algum instrumento ou teve que "afinar" os ouvidos. Meu pai as vezes nos brindava com tentativas de tocar um Bandolim. Noutras ocasiões, sempre aos domingos pela manhã (naquela hora boa do sono), cantava o Va pensiero, da ópera Nabuco (G. Verdi). Ainda hoje sinto enorme prazer e me emociono quando escuto o Coro dos Hebreus:
"Va', pensiero, sull'ale dorate;va',/ti posa sui clivi, sui colli,/ove olezzano tepide e molli/l'aure dolci del suolo natal!
Lembro, ainda, da existência de um diapasão numa gavetinha de uma cômoda em nossa casa. Ficava numa caixinha vermelha, junto das fotografias em P&B. Lembro até do cheirinho que exalava do móvel onde estava abrigado o instrumento.
Uma peça essencial da casa era um bom rádio: enorme, sei lá de quantas faixas, com aquele monte de válvulas. Até sair algum som (de excelente qualidade) demorava um pouquinho. Hoje, a experiência de buscar músicas se transformou por completo. As emissoras existentes nas nossas cidades parecem todas iguais: as vozes dos locutores, a programação meia-boca, e por aí vai. Há pouquissimas emissoras se diferenciando da imensa maioria. A emissora da Universidade Estadual, quem sabe. Elas não mais me atraem como outrora. O "exercício" de ligar e escutar rádio era um prazer. Encontrar coisas por acidente, fazer descobertas, perder a sintonia; não consigo mais imaginar isso nos dias atuais - ao menos na forma de vida atual: urbana, corrida, apressada. Ficar procurando algo no dial era uma situação fantástica. De vez em quando topava com algo que arrebatava e prendia a atenção. Ali ficava duante horas.
Hoje ficou mais fácil buscar as "coisas" do mundo. Eu não dependo mais daquela antena enorme, esticada ao lado da casa, tampouco preciso esperar pelas noites para receber melhor os efeitos das ondas sonoras. Dispondo de um computador e acesso a Web em banda larga, há centenas de emissoras ao alcance dos "dedos". Tenho uma relação de emissoras nos "favoritos" e já elegi minha predileta: http://www.jazzradio.net./ . Diretamente da bela Berlin. Pouco ou nada entendo da língua alemã, além dos cumprimentos formais, algumas expressões e números, mas a programação musical da minha emissora é "porreta". Fica como sugestão.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Novos tempos, novas tecnologias. Novos hábitos?


O título do post de hoje diz respeito as experiências recentes (algumas nem tanto) que transformaram práticas "antigas" em situações novas. Uma delas refere-se a fotografia. Fotografo faz quase trinta anos. Minha primeira câmera, presente de meus pais, foi uma Tuka. Ainda possuo algumas coisas registradas com aquele aparato. Depois de um bom tempo, passando por outras mais sofisticadas, pude adquirir equipamentos mais "profissionais", digamos. Entrei no mundo das SLR, Nikkormat e Nikon F3. Ainda disponho dos "tanques". Já fotografei um bocado com as peças. Por comodidade e curiosidade investi em equipamento de captura digital, faz dois anos ou um pouco mais. Maravilha! Tudo muito prático, depois de algum aprendizado rasteiro. Equipamentos mais leves, mais fáceis de transporte, sem a necessidade de carregar aquela montanha de filmes de características diferentes. Cheguei a me aventurar, numa viagem a Europa, em levar apenas uma câmera e alguns cartões de memória. Nada de peso, pensei e argumentei com meus camaradas fotógrafos. Quando cheguei ao Schiphol (Amsterdam), com tempo folgado para o outro vôo, dei de cara no See Buy Fly com algo que, naquele momento era um "sonho de consumo" particular. Modelito novo, corpinho black, bem desenhado... e capacitada para imagens de resolução apropriada para ampliações maiores. Ops!!!! I´ll take it. Could you gift-wrap it for me??? Sentei prazeirosamente na sala de espera, abri o pacote, baterias no lugar adequado, cartão zerinho e... lá fui testando a belezoca rumo à Noruega (a foto em destaque foi obtida num dos fiordes na região de Bergen). Na volta, outro stop em Amsterdam. Agora para uma semana espetacular de sol. Resultado: cerca de 2000 fotos na viagem. Quanto as minhas outras estimadas câmeras, desde então, estão escondidas. Sei que merecem atenção. Talvez nessas épocas Natalinas eu me apiede e as leve para um "spa" - lugar em que receberão alguns carinhos especializados. Talvez nem precisem de muitos esforços para recuperarem a velha forma: uma limpezinha aqui, um ajuste acolá, um bom banho de sol. Sinceramente, eu é que preciso de atenção, caso contrário, quando quiser usá-las, passarei por constrangimentos.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Caindo fora... ou bye, bye USA

Leio na FSP (http://www.uol.com.br/) e no The New York Times (http://www.nytimes.com/2007/12/04/nyregion/04brazilians.html?_r=1&oref=slogin), em suas edições eletrônicas (04/12/2007) que milhares de brasileiros estão abandonando o "American Dream". Uma das razões apontadas é a incerteza com os rumos da economia americana. Os problemas recentes com o setor imobiliário pôs sob KO toda a sorte de investidores, nativos ou estrangeiros.

Talvez a mais curiosa situação apontada pelos brasileiros ilegais se refere a expiração da validade das carteiras de motorista. As regras mais complicadas impostas para os estrangeiros para a revalidação transformou-se num motivo para sair do país. Ser parado numa barreira policial e ter constatada a ilegalidade da presença naquelas terras pode significar uma tragédia. Especialmente na região de Miami a situação torna-se mais complicada, conforme testemunhos: não existe transporte público. A outra região predileta dos brazucas é Boston. Lá a coisa é um pouquinho diferente, todavia não menos problemática.

É claro que nisso tudo há uma simplificação dos problemas com os "estrangeiros". Um livro de Zygmunt Bauman, intitulado "Identidade", traz insights para pensarmos sobre a situação daqueles que vivem noutras terras. Ele aponta que as comunidades são promotoras de identidades. Dessa forma viver noutros lugares pode tornar-se uma situação conflituosa, quer estejamos em situação legal ou não. O sonho americano pode ser pensado, portanto, em sonho de pertencer a comunidade americana . Assim quando não nos sentimos pertencentes a comunidade, os laços tornam-se frouxos. Como explica Bauman, "tornamo-nos conscientes de que o `pertencimento´ e a `identidade´ não têm a solidez de uma rocha, não são garantidos para toda a vida, são bastante negociáveis e revogáveis, e de que as decisões que o próprio indivíduo toma, os caminhos que percorre, a maneira como age - e a determinação de se manter firme a tudo isso - são fatores cruciais tanto para o `pertencimento´quanto para a `identidade´. Voltar para a casa, mesmo em condições materialmente desvantajosas pode signicar bem mais: significa abandonar uma condição de "fragilidade" e permanente estado de provisoriedade.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Imagem do Dia




Uma imagem vale mais que mil palavras, é uma máxima utilizada com frequência. Especialmente quando a imagem possibilita leituras diversas - algumas causam impacto sem maiores esforços - ela pode servir de "pano de fundo" para pensar o ambiente em que foi originada. A foto que ilustra o post, de autoria de Sergio Vignes, foi captada num "mostrengo" que estava plantado próximo ao prédio da antiga Alfândega. A intenção da interferência na imagem original e a "legenda" criada nos dão conta de uma relação com a Cidade - não parece ser a mais feliz. As cidades são invenções humanas, portanto, espaços necessariamente conflituosos. A "Florianóia" é manifestação interessante em razão da composição oportuna: texto escrito mais imagem. Vale lembrar que "nóia" é uma forma simplificada de paranóia. Trata-se de um diagnóstico? Quais serão as evidências ou sintomas que permitiram chegar àquela constatação?