quinta-feira, 23 de agosto de 2007

E se fossemos cadeirantes ou cegos?


Florianópolis, pouco a pouco (!), vai se tornando uma cidade desumana. Os exemplos são muitos. Trato neste post de uma situação que se reproduz de forma assustadora. Comum em grandes cidades, o uso do espaço público para interesses privados. Passeios e calçadas estão sendo tomados para a função nobre (!) de estacionamento de veículos. Excluindo aqueles em serviço de atendimento de emergências não há legislação que ampare uma prática que inferniza a vida de quem pretenda circular a pé pelas ruas da cidade. A foto que ilustra este texto é um exemplo de desrespeito (para minimizar). Não se trata de caso isolado, uma vez que circulando quase que diariamente pela área em que a imagem foi obtida, é fato corriqueiro. No caso, a esquina da Rua Altamiro Guimarães com Bocaiúva. É um local onde alguns Vips deixam seus bólidos para um pit stop na “Barbearia Vip” ou para outras atividades nas imediações. O inusitado desta prática é que ao estacionar nos locais próximos, regulamentados, existe a obrigação de pagamento da Zona Azul. Nada mais justo. Ao estacionar sobre a calçada, ninguém dá a mínima. Embora o Código de Trânsito estabeleça: “Estacionar veículo no passeio ou sobre a faixa de pedestres implica em multa e remoção do veículo, prevê a legislação. É considerada uma INFRAÇÃO GRAVE, implicando em 5 pontos na Carteira + multa ”. Aos infratores, no caso específico, absolutamente nada acontece. Todavia, não é só naquele espaço, mas em outros cantos da cidade (áreas centrais) em que o desrespeito é flagrante. Há uma espécie de complacência da Guarda Municipal e de outras instâncias de fiscalização. O “pessoal” circula pela cidade o DIA inteiro e não dá a mínima. A situação para cegos ou cadeirantes é terrível. Terão que andar no meio da rua e assumir os riscos de atropelamento. Outra consideração sobre esta prática: alguns engraçadinhos chegam a demarcar espaço nas calçadas para “organizar os estacionamentos”, com placas e outros artifícios. Uma passadinha pela Avenida Othon Gama D´Eça e é possível conferir tal prática. Nessas horas fica a indagação: IPUF, SUSP, Estatuto da Cidade, Código de Posturas, Código de Obras e Edificações, fiscais e outros, para que servem?

Um comentário:

Pedro disse...

Muito rende o pertinente assunto. Ainda que não seja verão, aproveito a temática da incorporação do público como privado para lembrar dos bares e hotéis do Jurerê. Seja final de semana, seja terça-feira; ocupam todos metade da praia com suas cadeiras e gurda-sóis. Não importa se o cidadão chega cedo, lá estão dezenas de cadeiras vazias ocupando a areia. Como infelizmente quase ninguém se arrisca a ficar no meio, ficam quase áreas privadas - faixa de areia do beach village, do el divino, etc. Sem contar as músicas que tais bares obrigam todos que estão num raio de quatro km a ouvir. Só uns bate-estaca de merda.