quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Ainda os tempos novos...

Tratei anteriormente de uma das "paixões" (a fotografia), especialmente das experiências recentes. O mesmo vem ocorrendo com a música. Também guardo umas relíquias: aqueles discões de vinil. Uma coleção razoável de Jazz - Duke Ellington, Chet Baker, Baden Powel, Egberto Gismonti, e outras coisas com selos da ECM, Blue Note, Verve, ... Já tive mais apetite com os CD e, confesso, acumulei mais um tanto de coisas que aprecio. Jazz e músicas de outros cantos do mundo. Minha predileção pela música Africana é flagrante. Tem gente boa de montão no centro e no norte. Vozes belíssimas e instrumentistas de primeira linha. Os percussionistas, insuperáveis. O próprio Bono Vox (U2) assinala que, na música, todo mundo deve aos músicos africanos pelas batidas.
Ocorre que as novas mídias estão se encarregando de sepultar os simpáticos disquinhos. Também aderi ao MP3, mas por uma simples razão: a facilidade de organizar uma boa seleção (com os meus critérios e para meu deleite, obviamente) e transportar para qualquer lugar. Um aparelhinho de 2Giga de memória permite horas e horas de audição. Supimpa! Fora desse campo, nada como espalhar parte da coleção na mesa e deixar rolar um por um, usando um equipamento que permita tomar conta do espaço, em amplo sentido: chão, paredes, corpo, copo, etc..
Na minha família a música sempre esteve presente. Quem não cantou em Coral de Igreja, aprendeu a brincar com algum instrumento ou teve que "afinar" os ouvidos. Meu pai as vezes nos brindava com tentativas de tocar um Bandolim. Noutras ocasiões, sempre aos domingos pela manhã (naquela hora boa do sono), cantava o Va pensiero, da ópera Nabuco (G. Verdi). Ainda hoje sinto enorme prazer e me emociono quando escuto o Coro dos Hebreus:
"Va', pensiero, sull'ale dorate;va',/ti posa sui clivi, sui colli,/ove olezzano tepide e molli/l'aure dolci del suolo natal!
Lembro, ainda, da existência de um diapasão numa gavetinha de uma cômoda em nossa casa. Ficava numa caixinha vermelha, junto das fotografias em P&B. Lembro até do cheirinho que exalava do móvel onde estava abrigado o instrumento.
Uma peça essencial da casa era um bom rádio: enorme, sei lá de quantas faixas, com aquele monte de válvulas. Até sair algum som (de excelente qualidade) demorava um pouquinho. Hoje, a experiência de buscar músicas se transformou por completo. As emissoras existentes nas nossas cidades parecem todas iguais: as vozes dos locutores, a programação meia-boca, e por aí vai. Há pouquissimas emissoras se diferenciando da imensa maioria. A emissora da Universidade Estadual, quem sabe. Elas não mais me atraem como outrora. O "exercício" de ligar e escutar rádio era um prazer. Encontrar coisas por acidente, fazer descobertas, perder a sintonia; não consigo mais imaginar isso nos dias atuais - ao menos na forma de vida atual: urbana, corrida, apressada. Ficar procurando algo no dial era uma situação fantástica. De vez em quando topava com algo que arrebatava e prendia a atenção. Ali ficava duante horas.
Hoje ficou mais fácil buscar as "coisas" do mundo. Eu não dependo mais daquela antena enorme, esticada ao lado da casa, tampouco preciso esperar pelas noites para receber melhor os efeitos das ondas sonoras. Dispondo de um computador e acesso a Web em banda larga, há centenas de emissoras ao alcance dos "dedos". Tenho uma relação de emissoras nos "favoritos" e já elegi minha predileta: http://www.jazzradio.net./ . Diretamente da bela Berlin. Pouco ou nada entendo da língua alemã, além dos cumprimentos formais, algumas expressões e números, mas a programação musical da minha emissora é "porreta". Fica como sugestão.

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